Natal, prendas, videojogos e Sozinho em casa… ou talvez possamos evitar mais um filme este Natal!
- mariusveloso

- há 5 horas
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Mais uma época festiva que se inicia. As músicas de Natal já se ouvem em todo o lado e já sabemos que o Kevin vai voltar a ficar sozinho em casa. Os pais podem até ter-se esquecido dele, mas a publicidade jamais se esquece das nossas crianças e parece bombardear-nos com múltiplas possibilidades de escolha de brinquedos. Dos carrinhos às bonecas. Das pistas aos livros. Dos jogos de tabuleiro aos videojogos.
Perguntem às crianças se já fizeram a carta ao Pai Natal e longe vai o tempo em que se colocava o sapatinho. Quero aqui dirigir a vossa atenção para um presente em particular- os videojogos. Muitos pedidos podem ser feitos, ou seja, tantos quanto os videojogos que se podem jogar em qualquer consola eletrónica ou computador pessoal. O próprio Kevin certamente teria aproveitado melhor o tempo se estivesse mais seguro a jogar um videojogo do que a fugir de bandidos cuja missão era apanhar aquela (não tão indefesa assim) criança.
Voltemos aos pedidos de videojogos, uma realidade por vezes tão desconhecida para os adul…perdão para o Pai Natal que vai oferecer. Quando os pais se apercebem dos conteúdos, ficam por vezes horrorizados com o que encontram. Temas como a violência (mais ou menos gráfica e gratuita), drogas, possibilidade de compras online são algumas das temáticas que proliferam em alguns jogos e que não são adequados a todas as faixas etárias. Se o nosso nostálgico Sozinho em casa é inócuo e garantia de sorrisos, nem sempre o mesmo se verifica no mundo (não “encantado dos brinquedos, onde há reis, princesas…dragões” como o saudoso genérico da minha infância) dos videojogos. Mas não atirem as culpas todas para o senhor das barbas brancas que não tem como conhecer todos os conteúdos de todos os jogos. Existe uma ajuda que creio ser útil – o PEGI – um sistema de classificação etária para os videojogos criada em 2003 reconhecido em toda a Europa e conceptualizado como uma ferramenta para a proteção de menores.

O PEGI é composto por duas dimensões a ter em conta – a classificação etária e os descritores de conteúdo. No que concerne à classificação etária encontramos os seguintes níveis que passamos a descrever de forma sucinta:
PEGI 3
A maioria dos jogos abrangidos nesta categoria são considerados adequados para todas as faixas etárias e são relativamente inócuos pelo que é comum a ausência de descritores de conteúdo.
PEGI 7
Esta categoria contem violência reduzida, a qual é irrealista e quase sempre dirigida a personagens de fantasia. A violência que pode figurar nesta categoria é particularmente implícita, não sendo visualizada diretamente.
PEGI 12
Esta classificação podem conter violência mais detalhada e realista contra personagens fictícias, sendo que aquela que é destinada a personagens humanas é de cariz irrealista ou menos gráfica. É possível que possa haver sequências de terror moderadas, linguagem desajustada mais ligeira e atividade sexual implícita.
PEGI 16
A classificação PEGI 16 permite que a violência seja mais realista contra personagens humanas, embora formas mais pesadas de violência são apenas aceitáveis contra personagens fictícias. É permitido um aumento na intensidade das sequências de terror, na utilização de linguagem desajustada e a atividade sexual a existir não pode mostrar a genitália. São igualmente permitidas representações do consumo de drogas ilegais, de consumo visível de tabaco e álcool e condutas criminosas/ilegais não têm necessariamente consequências punitivas.
PEGI 18
Esta classificação remete para a presença de conteúdo mais pesado e estão destinados à população adulta. A violência presente poderá ser mais explícita e assumir diferentes física, psicológica e também de natureza sexual. É permitido o uso de obscenidades na linguagem, práticas criminosas, consumo de drogas ilegais e atos sexuais mais explícitos.
Por seu turno, os descritores de conteúdo remete para a presença de conteúdos associados a Violência, Linguagem Obscena, Medo, Apostas, Sexo, Drogas, Discriminação e Compras no jogo.
Deixamos aqui algumas dicas para este Natal:
- Se não tiver a certeza se o jogo é adequado para a faixa etária consulte o PEGI e pode consultar o seguinte link – https://pegi.info/pt-pt
- Informarem-se sobre o jogo (ler online, ver um vídeo) e de preferência jogar o videojogo com as crianças/ adolescentes;
- Estabelecimento de regras em conjunto com os filhos para a utilização saudável dos videojogos e aplicação consistente e contingente das regras, (ainda que neste período de férias possa haver maior flexibilização), recompensas e punições;
-Reforçar junto dos filhos que devem reportar comportamento inapropriado, como intimidações, ameaças ou linguagem obscena, a apresentação de conteúdo indesejado ou convites para encontros fora do jogo.
Boas festas a todos e o melhor presente será sempre estar presente com e para os nossos.
Mário Veloso, psicólogo clínico do NICO e da Consulta de Perturbações da Personalidade e Perturbações de Ansiedade em Adultos do PIN Partners in Neuroscience (mario.veloso@pin.com.pt)







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