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Mais um ano, mais uma efeméride. O que vamos fazer (realmente) de diferente no combate ao Bullying e ao Cyberbullying?



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Chegou setembro e com ele o novo ano lectivo. As escolas reabriram portas, chegaram os alunos e neste ano muitas são as mudanças a implementar. Um verdadeiro exemplo de “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”.  Ausência de telemóveis, disciplina de cidadania e afins são algumas das mudanças previstas para este ano. Chegados a outubro e no dealbar de mais um Dia Mundial de Combate ao Bullying, importa questionar o que mudou?


Dados da Polícia de Segurança Pública registados durante o ano letivo 2024/2025, indicam um total 130 situações de Bullying e 21 de Cyberbullying nas escolas, verificando-se uma diminuição de ocorrências face ao ano transacto. Apresentada a parangona e pese embora seja positiva qualquer diminuição de episódios de vitimação, estamos a reportar-nos a uma realidade 9 casos. O que, por seu turno, nos coloca a seguinte questão? Esta diminuição é realmente efectiva ou houve casos silenciados e/ou branqueados? É sobre estes casos que particularmente deve recair a nossa atenção.


Devemos estar particularmente vigilantes a este fenómeno, que estando longe de ser novo, não deixa de estar ainda demasiado presente. O que nos devia surpreender é que ainda estamos longe de o encararmos de frente. Está na hora de deixarmos de varrer para debaixo do tapete e de exigirmos medidas efectivas para enfrentar o fenómeno do Bullying e do Cyberbullying.


Do meio escolar para o mundo digital, o que verificamos é que as fronteiras físicas do Bullying foram pulverizadas e o espaço online é um terreno muito fértil que abre caminho a novos meios para agredir alguém e, consequentemente, obrigar-nos-á, enquanto sociedade, a estar atentos e a adaptar as respostas, as medidas e as estratégias para debelar este flagelo. O Cyberbullying deixou de estar circunscrito à comunidade escolar e exige uma resposta concertada da tríade estado-escola-família para proporcionar aos jovens a segurança que deveria ser um direito adquirido.


Uma vez falada em tríade, existe uma outra igualmente importante e que se prende com um conjunto de princípios a implementar – Prevenção, Identificação e Denúncia. Para tal é necessário que estejamos particularmente atentos a alguns sinais de alerta, tais como: mudanças bruscas de comportamento (desinvestimento e afastamento de actvidades sociais, ficar mais isolado(a) ou ter alterações de humor), alterações no desempenho escolar, alterações nos padrões de sono e nos hábitos alimentares,  uso excessivo de tecnologia (a verificação constante de mensagens/redes sociais para estar a par do que está a acontecer) ou o evitamento total da utilização do telemóvel, computador, redes sociais e apps online, etc. e Expressões de medo ou ansiedade após utilização de dispositivos com ligação à internet ou se alguém pedir para usar o seu telemóvel ou tablet, pode ser um sinal de que ela está sendo alvo de cyberbullying. Ainda que cada um destes indicadores, por si só, não seja específico, estes não devem ser descurados.


Uma vez identificada a situação, devemos encorajar e reforçar o sucedido e procurar tranquilizar a vítima, fornecendo um espaço seguro de acolhimento e isento de julgamentos. Posto isto, em caso de ocorrência devemos recolher evidências (é importante manter registos de todas as mensagens, fotos ou vídeos ofensivos. Isto pode ser útil ao informar um adulto responsável, um professor ou o director da escola ou mesmo a Polícia) e ignorar o agressor, recorrendo preferencialmente ao bloqueio. É também importante denunciar estas ocorrências a entidades responsáveis pelos serviços online, reportando os conteúdos recebidos e proceder ao relato junto das instituições visadas (ex. escola, associação, etc.). Sendo o Cyberbullying crime, poderá ponderar-se a apresentação de queixa judicial presencialmente ou online. Não menos importante e caso se justifique, a procura de ajuda de um profissional de saúde mental deverá ser tida em conta.


A campainha tocou uma vez mais … este combate é de tod@s e tod@s fomos convocados a agir. Por isso mesmo faço votos para que possamos agir com empatia e com empenho. O silêncio e a inacção são e serão sempre cúmplices da impunidade.

Mário Veloso, psicólogo clínico do NICO e da Consulta de Perturbações da Personalidade e Perturbações de Ansiedade em Adultos do PIN Partners in Neuroscience (mario.veloso@pin.com.pt)

 

 

 
 
 

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